Este livreto é formado por sete sonetos cujo conjunto o próprio poeta intitulou Sete Tempos do Meu Passado quando o último foi terminado.
Eles revelam a lembrança nostálgica da vida campesina, matizada pela casa dos pais, pelo campo e pelo parreiral, pelas construções das cercanias, pelas paisagens naturais, pelos ares e suspiros, pelos objetos de uso e de trabalho da família, pelas orações, pelas expectativas... e por muita, muita saudade.
As poesias deste livreto estão registradas na Biblioteca Nacional:
Registro 579.037, Livro 1.106, Folha 112
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Distantes plagas próximas da gente,
Na alcantilada sempre verde serra...
De favônios amenos, reverentes
Que aos frutos bafejam desta terra.
Tortuosos caminhos, perfumados
De angústias delongadas no labor,
Ridentes, simples lares espalhados,
Generosos cenáculos de amor...
Comum fala espontânea de além-mar,
Acridoces canções quase esquecidas,
Um puído folclore a retornar.
É caminhada longa, percuciente,
E tudo punge... seta desferida
Pela plaga distante, eternamente...
Novembro de 1977
Recordo ainda aquela meiga estrela
Que do meu quarto sempre contemplava.
Era inverno bem lânguido e chegava
A me saudar, alegre, na janela.
Era na hora da prece, Ave-Maria
E vinha tanger cordas de saudade.
Não sei se outro momento, na verdade,
Mais ameno do que este, nostalgia...
Quantos versos fluídos na dormência
De tantos fins de tarde espreguiçada
Que vivi em minha verde mocidade
Cada um recorda suas referências,
A minha há muito tempo está incubada:
Fim de dia... da estrela da saudade...